As emoções são um dos maiores desafios quando falamos em emagrecer. Toda a mudança acontece depois de tomarmos uma decisão, e na grande maioria das vezes conseguimos realizá-la a partir de um desejo criado na nossa mente. No entanto, em determinadas situações é preciso ir para além da razão, ou seja, para além da nossa mente. E é aqui que as emoções entram! Para conseguirmos eliminar uns quantos quilos é necessário ressignificar os “gatilhos” emocionais que impendem o emagrecimento.
Na verdade, e na maioria das vezes, passamos dias, semanas e mesmo meses sem conseguirmos a “tal” mudança que tanto desejamos. É mais fácil viver com a nossa rotina, na nossa realidade, ou seja, na nossa zona de conforto, contudo sentimos que há uma necessidade intrínseca em mudar um comportamento. Mas quando essas mudanças envolvem o prazer, como é o caso da alimentação/comida, tudo torna-se mais desafiante e complicado.
O acto de comer é de facto algo muito simples, porém nem sempre conseguimos controlar a nossa compulsão. Afinal de contas só deveríamos comer quando sentimos fome, não é verdade? Mas não é assim o nosso comportamento. Antigamente comer estava intimamente relacionado com a nossa sobrevivência, hoje em dia é com o prazer. Comer tornou-se um prazer! E não faltam opções, desde uma alimentação completamente vegana até uma alimentação hiperproteica. Uma coisa é certa, basicamente somos seduzidos tanto pelo paladar, como a visão e o olfacto. Os órgãos sensoriais são estimulados pelos departamentos de marketing das grandes empresas alimentares.
Constantemente ouvimos que para emagrecer é preciso “cortar” na comida, temos que fazer exercício-físico, temos que ter vontade e motivação, e etc. Na verdade todas estas afirmações são verdade! E muitas vezes apesar de cumprirmos todas as indicações o peso aumenta. Sentimos culpa, sentimos que estamos a dar o nosso melhor e não alcançamos os nossos objectivos. Somos incompetentes e talvez até preguiçosos. Mas na realidade existem coisas maiores do que todos estes aspectos. E nestas situações o foco principal são as emoções. Porque quando não eliminamos os quilos que tanto queremos ficamos com baixa-autoestima e de amor-próprio. E entramos numa espiral descendente que por vezes leva a uma depressão profunda.
Então como fazemos quando queremos emagrecer e não conseguimos? A resposta é difícil de dar e de compreender porque essa decisão não passa pela mente (o nosso racional). É por isso que oiço constantemente clientes que entram no meu gabinete a repetir o mesmo de sempre: “Já fui a inúmeras consultas e sei como perder peso, mas neste momento não consigo perder quilo nenhum! E nem tão pouco consigo colocar em prática qualquer dieta!”. Mas convém lembrarmos que existem diferenças entre querer perder peso e decidir emagrecer – por mais variáveis que estejam envolvidas.
Querer emagrecer para quê? Alguém está a forçar ou a pressionar? Que julgamentos e críticas ouve relativamente ao seu peso? Acha que o seu excesso de peso é uma forma de protecção? Contra o quê ou quem? Não tem controlo quando está a comer? Comer dá uma sensação de conforto emocional? Quem da sua família não lhe prestou a devida atenção quando era mais novo? Comer faz sentir mais perto de alguém especial? Serve para combater os dias de falta de ânimo e solidão – donde vêm essas sensações? Sente-se impotente em alguma situação? Comer em demasia faz sentir-se especial? Fica feliz em comer até empanturrar-se todo? Acha que merece comer o que quer que seja porque a vida não está correr muito bem? Como está solteiro procura emagrecer para arranjar mais rapidamente uma relação?
Já escrevi pelo menos dois livros sobre estas temáticas… as temáticas emocionais relacionadas com as dificuldades em emagrecer:
Muitas são as experiencias e as vivências ao longo da vida, bem como situações que vamos montando e criando na nossa cabeça como se fossem um puzzle… até que nós próprios tomamos a consciência de que na verdade não queremos emagrecer, nem tão pouco parar de comer, e aí ficamos despertos da importância da comida como uma muleta que nos faz ficarmos de pé diante dos factos e dos desafios da vida.
Comer vai aliviar toda a dor e todo o sofrimento. Porque vai suster o nosso corpo físico, mental e emocional. Procuro com este artigo levar-te a uma reflecção interna. Este é o momento para encarares e de te permitires a olhar para esta temática de uma forma profunda e não superficial. Sai do raciocínio… sai dos teus “pensamentos mentais” e debruça-te, sente e ouve o teu coração. Precisas de ajuda? Procura especialistas e terapeutas para o efeito! E, toma o teu tempo…
Na verdade a vida não pára, está em constante movimento! Logo os desafios vão ser diários, por isso a solução passa por aprenderes a lidar e a ultrapassar os teus gatilhos emocionais. Só assim, e mais facilmente, poderás emagrecer de uma forma prazerosa e sustentável no tempo.