O que comemos influencia a microbiota intestinal, que consequentemente, pode afectar o nosso humor e energia.
Já diz o ditado: “Somos o que comemos” — e parece que a sabedoria popular estava um passo à frente da ciência neste assunto. Um novo estudo publicado na Nutrients sugere que existem bactérias e metabolomas distintos associados a cada traço de personalidade.
“Isto reforça muitos dos conceitos de saúde pública relacionados com a nutrição. A microbiota intestinal pode influenciar a forma como somos. As conclusões são mais sugestivas do que definitivas, mas contribuíram para o nosso entendimento do que a saúde intestinal pode fazer e o que faz as pessoas sentir”, revela Matthew Lee Smith, um dos autores do estudo.
Os autores estudaram a correlação entre a energia mental, a fadiga mental, a energia física, a fadiga física e a microbiota intestinal. As conclusões mostraram que as bactérias e metabolomas associados ao metabolismo estão relacionadas com a energia mental ou física, enquanto que as bactérias associadas à inflamação têm uma relação com a fadiga mental ou física.
“O que comemos determina as bactérias e a microbiota nos intestinos. Com este estudo, chegamos a uma associação entre a microbiota de uma pessoa e o seu humor”, revela Ali Boolani, principal autora do estudo.
A fadiga é muitas vezes entendida como uma mera falta de energia, no entanto, investigações recentes mostraram que esta relação não é tão forte como anteriormente se acreditava.
A nutrição é também um dos factores que contribui para a fadiga, apesar de não ser o único. A equipa de investigadores debruçou-se sobre um subgrupo de indivíduos de um estudo maior dedicado à microbiota intestinal. Os participantes responderam a um pequeno inquérito que identificou potenciais correlações entre a saúde intestinal e a energia mental e física e a fadiga.
Os autores concluíram que os quatro aspectos estudados têm perfis bacterianos únicos, mas sobrepostos, o que sugere que é preciso investigar-se mais o papel do microbiota intestinal na energia e na fadiga.
“Perceber como a nutrição e malnutrição estão ligadas à fatiga e à energia é importante porque quebras, fadiga crónica e falta de energia podem diminuir a saúde e a qualidade de vida para adultos mais velhos que vivem com condições crónicas”, acrescenta Smith.