Cada vez mais procuramos focar a nossa atenção na simetria e na perfeição, uma vez que a ideia de assimetria frequentemente desperta sentimentos de insegurança e ansiedade, bem como a necessidade de corrigir essas assimetrias.
No entanto, investigações recentes revelam os surpreendentes benefícios das características assimétricas dos nossos cérebros, corpos e rostos.
Quando nos observarmos ao espelho conseguimos notar desequilíbrios subtis no nosso rosto – um sorriso assimétrico, uma sobrancelha mais elevada, uma leve curvatura no nariz ou orelhas situadas em alturas diferentes. Geralmente essa assimetria é olhada de forma indesejável, resultando em procedimentos estéticos e/ou cosméticos para alcançar a simetria perfeita. Porém, a assimetria é um componente natural da anatomia e fisiologia humanas, desempenhando funções essenciais no nosso corpo e no nosso cérebro.
Dentro do nosso corpo os nossos órgãos apresentam uma assimetria inerente, com estruturas como o coração, o estômago e o baço predominantemente localizadas no lado esquerdo do corpo, enquanto que o fígado e a vesícula biliar estão no lado direito. Esta disposição assimétrica optimiza o espaço no tórax e no abdómen, aumentando a eficiência em comparação com uma disposição estritamente simétrica e se fosse alinhada com a espinhal medula.
Também acontece da mesma forma com o nosso cérebro. Porque demonstra uma lateralização, com cada hemisfério especializando-se em funções distintas. Por exemplo, pessoas destras apresentam maior agilidade com a mão direita devido à especialização do hemisfério esquerdo no controlo motor. E este fenómeno vai para além das capacidades motoras, incluindo as funções cognitivas e a percepção sensorial, que contribui para a aprendizagem acelerada e especialização neural.
Já as assimetrias no rosto podem resultar de pequenas “desordens” durante o nosso desenvolvimento e o nosso crescimento, como destaca a revista New Scientist. Embora as primeiras pesquisas tenham sugerido a hipótese dos “bons genes”, indicando que a simetria facial está relacionada com a saúde genética e a atractividade, embora estudos recentes desafiem esta ideia.
Contrariando as expectativas existentes, a simetria facial não está correlacionada com factores fisiológicos, como a função imunitária, e não influencia significativamente a percepção de atractividade. Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Swansea e da Universidade de Tilburg concluíram que os participantes não conseguiram estabelecer uma relação consistente entre a simetria facial e atracção física.
Estas conclusões destacam a natureza subjectiva da beleza, desmistificando a crença de longa data de que a simetria é igual a atractividade. Em vez disso, as preferências variam consideravelmente entre os indivíduos.