Um cientista, que publicou um estudo na Royal Society Open Science, colocou eléctrodos em quatro tipos diferentes de fungos e descobriu que eles parecem comunicar internamente, através de impulsos eléctricos.
Uma análise minuciosa dos sinais eléctricos que os fungos enviam uns aos outros revelou que os padrões nestas “mensagens” são surpreendentemente semelhantes a uma conversa humana.
E ainda, o investigador descobriu que os conjuntos de sinais são tão requintados que assemelham-se realmente a palavras — tendo sido possível distinguir um vocabulário com cerca de 50 palavras.
Os fungos comunicam uns com os outros através de hifas, que são uma espécie de tendões longos e ramificados que os organismos utilizam para se expandirem e explorarem os terrenos adjacentes.
Outros estudos anteriores concluem que quando os cogumelos encontram novas fontes de alimentos, a quantidade de impulsos eléctricos que passam por hifas aumenta, sugerindo que os fungos podem utilizar esta “linguagem” para se notificarem mutuamente sobre o novo alimento.
Num outro estudo, o cientistas Adam Adamatzky, da Universidade do Oeste de Inglaterra, decidiu investigar se estes sinais são análogos à linguagem humana, concentrando-se em quatro tipos de cogumelos.
Para descobrir, inseriu eléctrodos em substratos colonizados pelas hifas dos cogumelos e calculou a sua actividade eléctrica.
“Não sabemos se existe uma relação direta entre os padrões de pico em fungos e a fala humana. Possivelmente não”, explicou Adamatzky. “Por outro lado, existem muitas semelhanças no processamento de informação em substratos vivos de diferentes classes, famílias e espécies. Estava apenas curioso para comparar”, admite o especialista.
O estudo descobriu que o vocabulário dos cogumelos tinha até 50 palavras, embora nenhum deles utilizasse mais de 15 a 20 frequentemente.
A organização destas “palavras fúngicas” é semelhante à da língua humana, com a espécie Schizophyllum commune a criar as “frases” mais complicadas de todas.
“Há também outra opção – a de eles não dizerem nada“, realçou Adamatzky. “As pontas de micélio propagadoras são carregadas electricamente e, portanto, quando as pontas carregadas passam num par de eléctrodos diferentes, é registado um pico”.
Embora as conclusões sejam intrigantes, acrescenta ainda que é melhor permanecer céptico antes de considerar se devemos ter dicionários dedicados à língua “Fungus”.
Fonte:
https://royalsocietypublishing.org/doi/10.1098/rsos.211926
https://interestingengineering.com/mushrooms-talk-50-words
https://www.theguardian.com/science/2022/apr/06/fungi-electrical-impulses-human-language-study